Os pais costumam ficar ansiosos pelos primeiros
passinhos dos filhos. Mas será que é correto estimular ou é melhor
deixar que aconteça naturalmente? Pediatras e neurologistas dizem que é
totalmente correto e necessário estimular o bebê. Quanto mais a criança é
estimulada, mais ela responde positivamente na forma de desenvolvimento
cerebral e cognitivo.
Ela aumenta o número de sinapses (conexões entre
as células do cérebro) e quanto mais ela aprende, mais ávida e preparada
estará.Entretanto, um erro
muito comum dos pais é o uso dos andadores que, segundo os
especialistas, não representam nenhum estímulo para a criança. Não há
desafio no andador.
A criança simplesmente é colocada no mesmo, algumas
ainda nem conseguem colocar o pé no chão e, quando conseguem, o que elas
fazem é jogar o peso do corpo e trocar passos. Isso é instinto, não
aprendizado.
Para estimular o bebê não há nada
melhor do que deixá-lo livre para explorar o ambiente – claro, sempre
com a supervisão de um adulto e com o espaço devidamente preparado para o
trânsito deste pequeno e curioso indivíduo. Ela lembra também que
crianças que ficam demasiado tempo no colo ou em carrinhos, geralmente
também são pouco estimuladas.
Veja algumas dicas de brincadeiras que podem ajudar de forma natural o desenvolvimento motor da criança:
- Brinque e converse com a criança; isso é fundamental para o seu desenvolvimento.
-
Procure no mercado brinquedos educativos próprios para bebês. Eles
visam os estímulos sensoriais e motores em cada fase do desenvolvimento.
Móbiles, tapetes de atividades e casa das chaves são exemplos disso.
-
Reserve um tapete, um edredom ou um colchonete para deixar a criança
que ainda não anda. Também há no mercado tapetes de borracha
desenvolvidos com essa finalidade.
- Espalhe
brinquedos do interesse da criança nessa área e deixe que ela vá tentar
buscá-los. Nesse exercício, ela estará desenvolvendo a sua mobilidade,
mesmo que primeiro vá se arrastando e só depois comece a engatinhar.
-
Bebês adoram bolas. Sente-se com eles no chão e jogue (com delicadeza) a
bola em sua direção. Essa é uma brincadeira que irá estimulá-lo a
agarrar o brinquedo, aprimorando sua coordenação e seus reflexos.
-
Leve a criança a outros ambientes e deixe que ela os sinta e explore,
também é importante. Sentar em caixas de areia, gramados, pisar na areia
mole da praia e molhar os pezinhos na água são exemplos de sensações de
grande estímulo para os bebês.
Porque não usar o andador?
Desde
2007 a venda, importação ou propaganda de andadores está proibida no
Canadá. Um país de economia liberal que proíbe a comercialização de um
produto, não o faria se não tivesse evidências que suportassem tal
medida.
Um dos motivos pelos quais os pais acham
interessante o uso do andador é porque ele (o andador) daria maior
segurança para as crianças, evitando tombos ou quedas. Um estudo sueco
mostrou exatamente o contrário.
A primeira causa de traumatismo craniano
em crianças menores de quatro anos de idade foi queda ou tombo de um
andador. A grande maioria destas quedas foi em escadas, degraus, ou
desníveis.
A segunda causa de traumatismo craniano nesta pesquisa
sueca, foi acidentes no play com brinquedos (queda ou trauma direto).
Portanto, o argumento de que o andador é seguro não é uma verdade
inquestionável.
Outro motivo pelo qual os pais
acham o andador interessante é porque aumenta a mobilidade da criança. É
verdade que aumenta, e muito, a mobilidade.
No entanto, ao aumentar a
mobilidade de uma criança que ainda não tem noção do que é perigoso ou
não, aumentamos a exposição desta a perigos. O andador é um veículo que
pode atingir a velocidade de 1m/s.
Nesta velocidade, além de colisões em
móveis, quinas de mesa etc. a criança pode alcançar, muito rapidamente e
sem que os pais percebam lugares da casa onde peguem objetos cortantes,
perfurantes, vasos, porta-retratos ou consigam puxar fios, telefones,
lâmpadas, com potencial de produzir acidentes muito maior do que se a
criança estivesse se deslocando pelos seus próprios meios.
Um
argumento muito comum para a utilização do andador é que este
facilitaria o desenvolvimento da criança. É justo o oposto. Ainda que a
diferença seja pequena, crianças que utilizam o andador apresentam um
discreto atraso no seu desenvolvimento motor, quando comparadas com as
que não usaram andador.
Muitos
pais acreditam que o andador é uma ótima forma da criança se exercitar.
De fato, ela ganha mobilidade, como vimos acima, mas o esforço físico, o
trabalho muscular e o consumo de energia é muito menor no andador do
que quando a criança se desloca somente usando a sua musculatura.
Portanto, a criança no andador faz menos exercício do que uma criança
que engatinha e tenta se levantar, por exemplo.
Eles
ainda podem trazer problemas ortopédicos à criança. Os andadores
convencionais, nos quais a criança é colocada em uma 'cadeirinha' no
centro com as pernas apenas tocando o chão são anti-fisiológicos, pois
não respeitam o estágio de desenvolvimento motor da criança e propiciam
um exercício artificial e prejudicial já que ela ainda não possui a
capacidade de sustentar-se.
E, ao contrário do
que muita gente pensa, os andadores não estimulam a criança a andar mais
rapidamente. Isso depende de outros fatores como a coordenação e o
equilíbrio.
"Além disso, quanto mais no chão a criança ficar para
engatinhar e se arrastar, melhor ela achará um apoio para se pôr de pé.
Finalmente,
alguns pais dizem que gostam de ver seus filhos no andador porque ficam
muito felizes, sorrindo o tempo todo.
Ora, uma criança pequena, sorri
para quase qualquer coisa que se faça com ela. Basta ficar na frente
dela e fazer duas ou três caretas, emitindo alguns sons, ou mostrar
coisas coloridas, ou fazer qualquer coisa que chame a atenção da criança
que esta irá sorrir.
Se ela só sorrisse no andador, poderíamos fazer
essa associação, mas como ela sorri para quase tudo…